na carcaça que teima em viver.
Sem tréguas fazem sangrar
Sem tréguas fazem sangrar
enquanto outras apenas ardem.
Todos esperam que o sobrevivente
Todos esperam que o sobrevivente
triunfe sobre o luto.
As lembranças são como açúcar
As lembranças são como açúcar
que adoçam e fazem mal.
Vão minando a esperança
Vão minando a esperança
e asfixiando a pouco fé.
Todos esperam que o amor
Todos esperam que o amor
mingue com o passar dos dias.
As lembranças se tornam
As lembranças se tornam
amantes da solidão.
A união é viva e escondida
A união é viva e escondida
de todos que circulam a viuvez.
Todos esperam que a vida
Todos esperam que a vida
prossiga com a mesma agitação.
As lembranças formam mosaicos
As lembranças formam mosaicos
dos dias vividos em família.
A felicidade torna se relíquia
A felicidade torna se relíquia
no museu das bodas.
Todos esperam por abraços
Todos esperam por abraços
sem compreender a mutilação.
As lembranças são banhadas
As lembranças são banhadas
com lágrimas salobras da saudade.
Que não germinam nem morrem,
Que não germinam nem morrem,
apenas apodrecem lentamente,
Todos esperam que a morte
Todos esperam que a morte
não mate o sobrevivente sem vida.
De Elise para Rosemberg.
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De Elise para Rosemberg.
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