sexta-feira, 27 de outubro de 2023

1952 - Verso e poesia

 

Ao partires deixastes as lembranças
Fiz da saudade um barco seguro
Assim viajo até você diariamente

Os versos só seus são ondas no nosso mar
Velejando rapidamente o barco da saudade
Na rota das estrelas do seu olhar

Ao partires deixastes o amor como um farol
Fiz deste sentimento rota segura
Assim a viagem solitária faz-se aconchegante

Eu sou seus versos e você minha poesia
Juntos conduzimos o amor pelas entrelinhas
Do grande poema da saudade

De Elise para Rosemberg

domingo, 22 de outubro de 2023

1947 - Rosas

 

Dou lhe um dia e uma noite de Rosas..
Rosas chá por gratidão,
Por cada olhar de amor que guardei no coração.
Rosas amarelas de saudades.
Dos nossos momentos juntos no caminhar.
Rosas vermelhas pelo amor que nos uniu,
Um amor companheiro, sereno e constante.
Dou lhe simplesmente um jardim,
Com caminhos de pétalas,
Representando nossas lembranças.
Um jardim impregnado com aroma das rosas,
Levado pela brisa viva do passado.
Substitui o sol por uma rosa alaranjada,
Unindo nossos dias num só dia.
Substitui a lua por uma rosa branca,
Unindo nossas noites num mesmo sonho.
Estrelas cadentes em forma de mini rosas,
Para que possamos ter um mesmo desejo.
Por fim uma chuva de rosas-beijos,
Para minha montanha de rosas.
De Elise para Rosemberg.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

1945 - Outono da vida

 

Os olhos da alma
Vivem o outono da clausura.
Assistindo o ciclo eterno da vida
Renovar-se a cada florada do amor.
Vidas chegam na primavera dos ciclos e
Vidas são ceifadas no longo outono.

Os olhos da alma
Sentem medo do grande sono do inverno.
Os arroubos do verão são curtos
Abrindo espaço para a primavera.
Enquanto os olhos assustados
Aguardam sua sentença final.

Os olhos da alma
Assistem silenciosos muitos partirem.
Não enxergando que há vida fora da clausura
Por não acreditarem no antes ou depois.
A visão turva só consegue velar perdas
Pelo mau hábito de enxergar só o outono da vida.

Os olhos da alma
Assistem o sepulcro desfolhar a vida.
Cobrindo as lembranças com folhas sem vida
Que renascem quando ungidas por lágrimas de fé.
A florada do amor dá vida ao sepulcro
Diante do grande sono libertador da clausura.

De Elise para Montanha de Rosas

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Conto - Vó Ana e o Dicionário

Vó Ana e o dicionário.

Vó Ana era uma senhora que vivia pelas ruas de um pequeno lugarejo chamado Ierê, no interior do interior de tudo, onde apenas dois rios se encontram para seguirem juntos seu percurso.

Vó Ana vivia sozinha numa casa que no passado esteve repleta de risadas, brincadeiras e amor. Hoje sozinha ela passava os dias pelas ruas catando e revirando o lixo do pequeno lugarejo, porque ela acreditava no poder da reciclagem.

A senhora solitária catava, limpava, cuidava e dava destinos diferentes aos objetos encontrados no lixo.

Na sua opinião tudo possuía vida e sendo assim mereciam respeito e reutilização com amor.

Vó Ana transformava panelas e chaleiras furadas em vasos floridos para alegrar as ruas tristes. Com o mesmo carinho transforma roupas e meias velhas em bolas ou bonecas para a criançada brincar.

Tudo era transformado até mesmo louças velhas. Ela transformava tudo que pudesse ser reutilizado.

Seu amor e respeito por cada objeto era muito maior do que os moradores pudessem compreender.

No lixo vó Ana encontrava quase tudo, menos livros, revistas ou jornais, isso a deixava muito triste, porque sentia falta da leitura, das palavras e dos sonhos que um bom livro pode proporcionar.

Neste lugarejo todo o papel ou madeira era utilizado como combustível nos fogareiros que aqueciam as casas. Isso a deixava muito triste.

Vó Ana resmungava sozinha enquanto caminhava, porque as palavras eram suas paixão.

- Muito triste livros, revista e até jornais serem queimados. As palavras desaparecem sem o carinho dos leitores.

Um dia igual a tantos outros...

Vó Ana a senhora apaixonada por palavras encontrou um livro no lixo, era um dicionário novo, sua capa era brilhante e as folhas pareciam nunca terem sido folheadas.

Respeitosamente a catadora abraçou o livro e seguiu para sua casa. A descoberta fez com que vó Ana sumisse por dias das ruas do lugarejo, ela havia encontrado um tesouro, grande amigo.

Vó Ana leu e releu com sua leitura vagarosa. No final ela abraçou o livro e o agradeceu por cada nova palavra que havia aprendido.

O dicionário passou a ser seu grande companheiro, todas as noites ela o relia até adormecer.

Numa noite quente de verão, uma forte chuva caiu no pequeno lugarejo. A casa antiga da senhora Ana foi quase toda destruída e tudo que sobrou ficou molhado.
O dicionário ficou completamente molhado e mal podia ser folheado.

Depois de muito chorar, vó Ana resolveu plantar as folhas do seu amigo dicionário.
Preparou canteiros no quintal de sua casa, um para cada letra.

Foram ao todo 26 canteiros, uns maiores e outros menores dependendo da letra. Após o plantio vó Ana organizou o que havia sobrado de sua moradia e voltou a reciclar o lixo do lugarejo.

Ao final de cada dia vó Ana caminhava pelos canteiros, pronunciando as novas palavras que havia aprendido com seu amigo o dicionário.

Velha, cansada e solitária a senhora acabou sendo conduzida a um abrigo. Sua casa estava desabando a cada nova chuva.

Apesar da solidão no abrigo, vó Ana continuava enxergando o melhor em tudo.
Passou a fazer bonecos com as folhas secas que encontrava pelo chão do abrigo e assim contava historias aos outros moradores do abrigo.

No final da tarde debruçava se na janela do seu pequeno quarto e declamava palavras, pedindo ao senhor vento que as levassem até sua plantação de palavras, enquanto o sol descia no horizonte.

Os dias correram...

Numa bela manhã, o chefe do lugarejo dirigiu se ao abrigo e convidou vó Ana para um passeio até sua própria plantação.

Curiosa e cheia de saudades a senhora aprontou se rapidamente.

Lá chegando, para sua surpresa, vó Ana viu o terreno onde morou transformado num pequeno bosque com 26 lindas árvores e uma pracinha florida com bancos sob as árvores.

As árvores eram de palavras e estavam repletas de palavras penduradas.
A população local havia adquirido o hábito de visitar a pracinha que recebera o nome de "Boque das palavras".

A senhora Ana ficou tão feliz que abraçou carinhosamente cada árvore agradecendo o milagre.

No fim da visita vó Ana a senhora que reutilizava tudo, voltou para o abrigo e desde então nunca mais parou de falar as novas palavras que havia aprendido com seu amigo dicionário.

Um belo dia vó Ana dormiu e não acordou.

Ela foi sepultada no Bosque das palavras e enfeitada por belas palavras que caiam das árvores.

Ainda hoje, todos do lugarejo vão até o bosque encontrar novas palavras acolhedoras, amigas e caridosas.

Elise

domingo, 15 de outubro de 2023

1940 - Viagem


Alma apronta-se para viajar.
Destino - Atravessar o deserto do coração.
Alma enroupa-se de rosas.
Perfuma seu cabelo com alecrim.
Calça os espinhos da solidão.
Na bagagem todas as lembranças.
Durante a travessia do deserto,
Alma recita poemas para as estrelas.
Durante o dia sob o calor do sol,
Alma transforma lembranças em rosas.
Alma solitária transformou-se em jardim.
Florindo para o sol e sonhando ao luar.
No final da viagem...
O deserto transformou-se em jardim.
Alma encontrou sua Montanha de Rosas.
O milagre aconteceu...
Alma solitaria deu vida ao deserto.
Fez das lembranças sementes de amor.
Transformou se em jardim.
Alma chegou ao seu destino.
Montanha de Rosas e Alma enfim
Vivem um abraço sem fim.
De Elise para Rosemberg

sábado, 14 de outubro de 2023

Era uma vez-Hoje é assim

 

Era uma vez...
que virou
Hoje é assim...
Era uma vez... ficou perdido no tempo.
Hoje é assim... conquistou seu tempo.
Assim começa a história de cada mulher.
Mulher que roga a Deus pelos seus,
correndo para o trabalho.
Mulher que na dura jornada de trabalho,
pensa no que fazer para o jantar.
E os Príncipes?
No Hoje é assim...
Os Príncipes perderam seu valor.
A mulher que ama e amamenta
é a mesma que alimenta sua família.
A mulher do Hoje é assim,
ficou esperta e quer muito mais que sexo.
O tripé das novas famílias são:
Respeito, Igualdade e Cumplicidade.
E os Príncipes?
Os Bonitões dos felizes para sempre?
Estão em extinção,
sem direito a reorganizações para sobrevida.
A mulher do Hoje é assim,
prepara uma nova geração de homens.
Não homens de braguilhas abertas
e sim homens de corações abertos.
Hoje é assim...
Faz parte de uma espécie que evoluiu
através das lágrimas silenciosas,
das ofensas e agressões escondidas,
do sexo não consentido
e do beijo retribuído sem alma.
Hoje é assim,
um mundo que melhora a cada dia
para as filhas, netas e bisnetas
que serão Mulheres que se amam.
10/1986 (ainda tão atual)
14/09/2014

Elise Schiffer

Sonhadores e escritores

 

Os sonhadores
se dilaceram com mais facilidade
e se reconstroem muito mais rápido.

Pequenos sonhos
crescem em desejo e imaginação,
de tal forma que sufocam a realidade.

Grandiosos pequenos sonhos
evaporam quando não concretizados
destruindo continentes de felicidades.

Os sonhadores seguram seus sonhos
em folhas de papel antes de serem sepultados
e substituídos por outros sonhos.

De sonho em sonho vive o escritor solitário,
num mundo onde a dor e a alegria
possuem pesos diferentes da realidade.

Assim caminham os sonhadores.
Sonhando morrem os escritores.
Deixando órfãs cada folha de papel.

Elise Schiffer
14/10/2015.

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

1938 - Sonho




Estar contigo nas alturas.
Adentrar ao ascensor dos sonhos.
Ultrapassar os céus da felicidade.
Descer rapidamente ao ponto inicial.
Descer ainda mais indo ao fosso.
Despertar feliz por estar com o amor.
Não importando se céu ou inferno.
Porque o amor é vivo no além vida.
Unindo olhares e cuidados.
Importa somente ter estado com o amor.
Jonek

1938 - Alma Errante

Cansada de tudo a solidão foi embora.
O silêncio enlouqueceu e partiu.
As lembranças adormeceram de cansaço.
Restou apenas o fim sem eira nem beira.

Viva é a sentença punitiva da Alma Errante,
Que ousou amar deixando a loucura reinar.
Prisioneira caminhou altiva sentindo se superior.

O amor a quem buscava nunca chegou.
A loucura pintou marionetes enfeitando a espera.
Expandindo a saudade sei lá de quem ou de onde.

Cansada da descrença a fé abandonou a carcaça.
Os gritos internos da alma enlouqueceram o silêncio.
As lembranças adoeceram do seu uso indiscriminado.
Restou sentar no atalho vazio a espera da morte.

Jonek





sexta-feira, 6 de outubro de 2023

1931 - Loucos felizes


Pedir...
Pão e receber sopa de pedra.
Pedir...
Descanso e apenas trocar a labuta.
Pedir...
Vida e receber um cadáver.
Pedir...
Aconchego e receber solidão.

Carcaça...
Cansada refugia-se no mundo dos sonhos.
Loucura...
Reside onde não há petições só saciedade.
Mundo paralelo...
Onde a vida possui realizações infinitas.
Pomar dos sonhos...
Refastelar o coração faminto de amor.

Morte...
Não possuí acesso a área vip da loucura.
Solidão...
Baila com as lembranças no palco da imaginação.
Verdade...
Proibida de sentar-se a mesa com o sonho.
Descansar...
Deleite exclusivo dos loucos felizes.

Loucos...
Amam seu passado sob a luz da lua cheia.
Loucos...
Valsam despidos de regras ou pudores.
Loucos...
Enxergam constelações no céu da boca.
Loucos...
Carregam seus cadáveres vivos.

De Elise para Elise

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

1930 - Regozija-te


Regozija-te com a saudade de hoje.
Ela lembra-te o quanto fostes feliz.
Poucos trilham o caminho do amor pleno.
Poucos mergulham na simplicidade do olhar.

Regozija-te pelos abraços protetores de ontem.
Eles lembram-te o quanto amar é cuidar.
Poucos sentiram o calor dos braços apaixonados.
Poucos viveram a brandura de um amor.

Regozija-te pelo seu oceano de lembranças.
Ele traz o perfume da felicidade em suas ondas.
Poucos possuem um oceano só seu.
Poucos podem mergulhar num passado vivo.

Regozija-te por cada estrela do céu.
Elas iluminaram suas noites tórridas.
Poucos vivem um encontro de almas.
Poucos caminham dentro do mesmo sonho.

De Elise para Rosemberg



terça-feira, 3 de outubro de 2023

1928 - Beijos

 

Envio-te o que há de mais precioso
nesta carcaça cansada.
Envio-te...
Beijos em forma de flores
para perfumar seu caminho.
Beijos em forma de mãos
para que possamos entrelaça-las.
Beijos em forma de pétalas
para chover carícias em seu rosto.
Beijos em forma de estrelas
para que tenhas uma trilha de luz.
Beijos em forma de regato
para refrescar seu trajeto evolutivo.
Beijos em forma de saudades
para abraçar seu coração.
Beijos em forma de beijos
para perder-me no céu da sua boca.
De Elise para Rosemberg

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

1927 - Relógio da saudade

 


O relógio da saudade
marca o tempo da esperança.
A cada minuto marcado
a saudade floresce suas lembrancas.
Floradas diárias dão suporte
ao amor que sobrevive.
A qualquer previsão de turbulência
a saudade pega o atalho do passado.
No final deste caminho
há o valioso jardim do amor.
Rosas florescem a cada minuto
perfumando presente e passado.
De mãos dadas passado e presente
observam as estrelas que iluminam a vida.
Corações sobrevivem da esperança
viva nas mentes apaixonadas.
O relogio da saudade
marca o tempo do amor.
De Elise para Rosemberg