quarta-feira, 29 de abril de 2020

676 - Escrever II

Escritores deliram.
Escrever é um momento único.
É oração numa mente saudosa.
As palavras desenham sonhos sem fé.
Esteja bem. É o mantra.
Juntos dos que ama. É o desejo.
Vivo. É a esperança.
Escritores amam sem amor.
Escrever é um momento único.
É oração num momento a dois vazio.
Fingir é viver a ilusão da conecção.
Na velhice todos os sonhos são reais.
A mente habita o paraíso da escrita.
Letras tecem palavras que decifram a saudade.
Escritores habitam miragens.
Escrever é um momento de delírio.

De Elise para Rosemberg.
676

segunda-feira, 27 de abril de 2020

674 - Bordar o tempo

O fio do amor e a agulha da vida,
bordam o grande manto do tempo.
Pontos floridos marcam as saudades,
com pétalas doces que preenchem o vazio.
Pontos unidos deixam pertinho
o passado e o presente rumo ao futuro.
Pontos entrelaçados ligam
o amor sincero com o companherismo.
Pontos fortes cirzem rasgos do coração,
fechando as feridas da separação.
Pontos cheios preenchem a alma
com esperança e coragem.
Pontos floridos marcam o manto do tempo,
ressaltando as cores da felicidade.

De Elise para Rosemberg.
674




domingo, 26 de abril de 2020

673 - Manhãs

Acordar é despertar para mais um dia,
ter tempo para relembrar nossos momentos.
O tempo reorganizou a dor e a saudade,
paciência é a resposta para o amor que vive.
Minhas palavras são pássaros silenciosos,
buscando a copa da árvore do amor.
Meu céu tem dias cinzas e azuis,
com tempos no compasso da saudade.
Meus poemas iluminam o vazio,
as palavras bailam buscando o céu.

De Elise para Rosemberg.
673

sábado, 18 de abril de 2020

665 - Palavras II

Usar as palavras da mesma forma que usamos as orações.
É desejar que haja alguém para recebe-las.
O vazio da partida assusta quem fica.
A loucura do contato acalenta a saudade do solitário.
Acreditar em mentiras aquece a alma sem esperança.
Verdade é oração de ateu sem palavras.

De Elise para Rosemberg.
665

quinta-feira, 16 de abril de 2020

663 - Lacuna


Você preencheu a lacuna da minha vida.
As palavras preenchem a brecha que você deixou.
O futuro é perdido quando o presente é oco.

Você preencheu a lacuna do meu coração.
Minhas lembranças preenchem a falta de nós dois.
O presente inunda o vazio com inspirações.

Você preencheu a lacuna da esperança.
Minhas lágrimas enchem o vão do mar que secou.
O passado abarrota as falhas do presente agonizante.

Meus sonhos preenchem a lacuna dos seus abraços.
Minhas cartas acobertam a omissão do contato.
A esperança e a persistência completam as lacunas.

De Elise para Rosemberg.
663

quarta-feira, 15 de abril de 2020

662 - Sonhar

A alma vaga buscando o amor,
Lugar nenhum é por onde aplaina e esmiuça.
A saudade turva as águas do outro lado da rua.
Um barco velho e sombrinho está atracado,
Nas águas turvas pela saudade de um.

A alma vaga buscando o amor.
Pés solitários retornam ao pedaço do céu.
A beira da travessa a conversa animada,
Detalha alegrias do almoço em família.
A passos lentos o coração saudoso retorna ao lar.

A alma vaga buscando o amor.
Coração temeroso caminha diante da humilhação.
A maldade conversa no muro da casa assombrada,
Que ao fundo mantém o inferno das promessas.
Coração temeroso finalmente chega ao pedaço do céu.

A alma vaga buscando o amor.
Pedaço do céu borbulha lembranças da parentada.
A infância cai com a fronte na parede.
Bolas de ouro deixam a luz entrar pela janela,
Da casa que é um pedaço do céu. 
Acordar é o que resta.


De Elise para Rosemberg.
662

terça-feira, 14 de abril de 2020

661 - Escrever I

Escrever...
Escrevi para ti poemas de amor.
Escevo para ti versos de saudades.
Escreverei para ti cantos de esperança.
Escrever...
Palavras ditas e repetidas por nós dois.
Palavras sem futuro que não ecoam no presente.
Palavras de amor que tocam um só coração.
Escrever...
Entrelinhas descrevendo o medo da solidão.
Entrelinhas clamando por você a cada palavra.
Entrelinhas vazias onde um tenta ser dois.
Escrever...
Poemas sem rimas cheios de chamego.
Poemas de amor sem conexão.
Poemas de união com amor solitário.
Escrever...
Cartas diárias com expressões sem fé.
Cartas tentando uma correspondência insana.
Cartas ilusórias que ressuscitam a esperança.
Escrever...

De Elise para Rosemberg.
661

sábado, 11 de abril de 2020

658 - Milagre

Surpreendente foi sua chegada em meu mundo.
Chegou trazendo uma brisa aos dias sufocantes.
Você foi meu milagre.
Maravilhosos foram os sorrisos que fez desabrochar.
Corações solitários grudaram em seu coração venturoso.
Você foi nosso milagre.
A montanha de solo estéril floriu renovando as floradas.
O amor companheiro ressuscitou a felicidade.
Você era o milagre.
A poesia vazia, passou a borbulhar palavras de amor.
Florescem poemas de união e esperança no eterno.
Você me fez milagre.
Estrela brilhante que apagou se e deixou saudade.
A estrada sem sua luz é céu sem esperança.
Nosso amor foi um milagre.

De Elise para Rosemberg.
658

sexta-feira, 10 de abril de 2020

657 - Fingir

Fingir que tudo está bem,
Enganando todos a sua volta.
Negar o reflexo no espelho,
Blefando o real para todos.
Fechar os olhos e ver o interior,
Cintilando os trapos que restaram.
A saudade suga a pouca vida.
As lágrimas secam a alma morta.
O vazio asfixiou a fé incerta.
Enlouquecer é o que restou.
Sonhar é caminhar para o amor.
Morrer é viver para ti.

De Elise para Rosemberg.
657

quarta-feira, 8 de abril de 2020

655 - Aguardar

Aguardando o sorteio pela Dona Morte.
Esperança.
A vida busca vigor no passado.
Nostálgia.
Risadas que ainda ecoam aos ouvidos.
Tristeza.
Carinhos que tocam mãos enrugadas.
Expectativa.
Palavras de amor que rejuvenecem o corpo.
Possibilidade.
Aguardando o sorteio pela Dona Morte.
Definição.
As gavetas estão sempre arrumadas.
Banzo.
Os documentos sempre organizados.
Lembrança.
A fé minguada está embolorada.
Tristeza.
O amor jovem sonha com o reencontro.
Sentimento.
Aguardar é o que resta a carcaça cansada.
Saudade.

De Elise para Rosemberg.
655


domingo, 5 de abril de 2020

652 - Prateleira

Coloque prateleiras no vazio.
Acomode as lembranças nas prateleiras.
Insira um acesso rápido ao passado.
Torne se frequentador do vazio.
Visite assiduamente as prateleiras.
Usufrua do quinhão do passado.
Aproveite o passado pulsante nas prateleiras.
Fracione o vazio amenizando a saudade.
Adquira prateleiras no presente.

De Elise para Rosemberg.
652






sábado, 4 de abril de 2020

651 - Oração

Orar sem fé na espera da suplica ser ouvida.
Ouvida por mim que sou um Deus errante.
Errante por amar demais e não morrer de saudade.
Saudade que chicoteia a carcaça fétida que agoniza.
Agonizar dia após dia tendo apenas o passado vivo.
Vivo é o amor que pulsa sem conhecer o tempo.
Tempo inimigo que corre em lados opostos.
Opostos que não cruzam o mesmo horizonte.
Horizonte que agoniza seu poente sem nascente.
Nascente no lado morto a espera de oração sem fé.

De Elise para Rosemberg.
651

651 - Sonhos II

Quanto mais vamos ao sonho, mas ele vem a nós. (1)

A ligação entre o real e o sonho,
é o que restou para nós.
Acontecimentos do passado,
marcam a alma com gestos de carinhos.
O inconsciente  procura por você,
que um dia foi a plena felicidade, 
enquanto o consciente berra que acabou.
A constância do sonho é uma tentativa de negar
que o convivio agora é abandono.
O emocional que segue na contramão da solidão,
esbraveja clamando por você.
O presente virou passado.
O passado assombra o futuro,
que busca uma compensação para a solidão.
O sonho liga corações que tentam viver o real,
por instantes sem saudade ou dor.

De Elise para Rosemberg.
651
1- Frase do livro - Le Monde magique des rêes, Paris, Dangles, 1980, pág. 53.