Houve um lindo leãozinho, que sonhava em viver na floresta, ser livre, correr e conquistar.
Seu pelo amarelado brilhava a luz do sol e atraia atenção de muitos. Isso bastou para que percebessem o quanto poderiam lucrar com aquele filhote.
O leãozinho passou a viver num circo de horrores.
Pequeno e cheio de medo, abaixou a cabeça e apenas manteve se vivo, para um dia ganhar a liberdade.
A idade chegou e foi trazendo forças e inteligência, assim o leão passou a ser mais astuto que seus exploradores.
O leão aguardou o momento certo para demonstrar toda sua força e ganhar a liberdade.
O que o leão não esperava era ser ludibriado.
O leão deixou o circo dos horrores e tornou se prisioneiro em um zoológico.
Lucrativo e bonito, o leão era uma mina de ouro.
No zoológico ele apanhou muito, foi maltratado e humilhado. Nos momentos de dor ele lembrava se do circo de horrores e achava que merecia tudo que estava vivendo no zoológico.
O leão estava sem forças e domado, mas o sonho de ser livre estava ali dentro dele escondido.
O corpo do leão estava domado, porém sua inteligência não. Sua mente trabalhava no firme propósito de ser livre.
O sofrimento restaurou sua essência e assim a fera renasceu livrando-o do zoológico.
Liberdade!
Ele resolveu correr o quanto pode, foi para bem longe, Havia o desejo de viver na floresta.
Seu sonho era ser livre e conquistar seu espaço no mundo.
Um dia o leão encontrou um homem bom. Pela primeira vez o leão sentiu se amado e gostava dos carinhos que recebia. Os dois faziam tudo juntos.
O leão e seu amigo viveram na floresta por muitos anos, um completava o outro.
A felicidade era tanta que o leão apesar de estar na floresta vivia num território pequeno.
O leão pensava em conquistar horizontes, mas a lembrança da solidão e o sofrimento do passado, sempre o faziam recuar. Estava feliz.
- Eu sou livre! (rugia o leão)
- Não saio daqui porque não quero.
A liberdade é real, só não usufruída. Pensava o leão.
Um dia seu amigo morreu e o leão ficou só e perdido.
- O que fazer sozinho na imensa floresta que nunca havia desbravado. (rugia baixinho o leão)
Foram longos dias de dor e sofrimento.
Depois de muito tempo, o leão buscou forças e resolveu subir ao cume da montanha para conhecer de cima sua vasta floresta. Saber ao certo o tamanho do seu território.
O caminho foi longo, andando e chorando de solidão.
Até que ele chegou ao cume da montanha.
Finalmente ele iria conhecer a imensidão da sua floresta.
Fechou o olhos e lentamente foi abrindo para seu sonho.
- Liberdade... (rugiu o leão)
O primeiro olhar fez o leão parar e rugir de dor.
Sua floresta, sua liberdade não usufruída por amor. Tudo era falso.
Na verdade ele vivia numa reserva cercada por muros e portões.
E a liberdade? Nada mais do que liberdade tolhida e vigiada.
E a amizade? Havia sido verdadeira? A dúvida...
Proteção por amor ou egoísmo vaidoso?
O leão era prisioneiro na reserva.
Seu amigo foi prisioneiro do fascínio pelo leão.
A liberdade era prisioneira do sonho.
E a vida? A grande vilã.
O leão sentiu falta do cativeiro. Aquietou se no ponto mais alto da montanha, olhou a imensidão do céu, desejou ser livre e lá ficou até a morte o libertar.
Fim