quinta-feira, 31 de março de 2022

1376 - Tu vives

 

Eu morri para ti
quando partistes
Tu vives
na minha carcaça que agoniza
Vivo dos ontens
por não ter amanhã
O presente
tornou se instantes vividos
O amanhã
está congelado no tempo
De Elise para Rosemberg

1377 - Pedra e Rio

Há muito tempo atrás...
Uma Pedra foi deixada num deserto.
Esta Pedra rolou pelas dunas do deserto.
O vento na qualidade de Senhor do deserto a chicotou todas as vezes que a ela tentava fixar se em algum lugar.
A dor fez com que a Pedra fosse incapaz de amar.
De tanto rolar, acostumou se com a solidão, assim a Pedra deixava se apenas ser levada.
Um dia...
De tanto rolar pelo deserto a Pedra encontrou um rio.
O Rio era lindo...
Suas águas eram límpidas...
Sua correnteza serena...
A Pedra ficou encantada com tudo que viu.
O encantamento a fez rolar para perto do rio. A proximidade a fez experimentar o fresco e a felicidade que o rio transmitia.
Imediatamente a Pedra soube que aquilo era bom, e o medo a fez afastar se.
Assim os dias correram e a Pedra resistiu o quanto pode.
Um dia a Pedra cansada de resistir mergulhou no rio.
Pela primeira vez a Pedra soube o que era paz, segurança ao estar no leito do rio e felicidade plena.
A Pedra apaixonou se pelo rio e resolveu ser feliz, ficou lá quietinha, com medo de perder toda aquela felicidade.
Foram anos de felicidade.
A Pedra era cuidada e acariciada pelo rio, a noite o canto das águas reverenciavam a beleza das estrelas e juntos observavam o luar.
Pedra e rio viviam em plena harmonia.
Um dia...
O rio secou...
A Pedra viu se sozinha e não quis mais olhar o mundo a sua volta. Afundou se na areia que um dia foi o leito do rio e ficou quietinha.
A Pedra resolveu dormir para sempre, assim poderia reviver os bons momentos vividos com seu rio.
A Pedra adormeceu para o mundo.
Restou lhe a esperança de um dia, quem sabe, deixar de ser pedra e tornar se areia, assim poderia ser parte da areia que um dia foi o leito do seu rio.

De Elise para Rosemberg

quinta-feira, 24 de março de 2022

1370 - Persistente

 

A dor torna se invisível
O tempo desfaz datas 
Destruindo o calendário da vida
Só as lembranças são persistentes
O passado é atemporal quando há amor
O tempo apaga quase tudo 
Sem percebermos
Só a memoria transita 
Sem o aval do tempo
Tudo muda...
A voz que declamava o amor
Torna se tremula e sem ruido
A visão que enamorava se do amor
Torna se opaca e sem esperança
Só as lembranças são persistentes
Por serem energia pulsante do amor
Energia que flui no pensamento sem tempo
Extravasando sentimentos que borbulham
Na fonte inesgotável do amor
A mente

De Elise para Rosemberg

sexta-feira, 18 de março de 2022

1364 - Mentiras da mente

 

Estar sem você
É muito mais que solidão
É estar vazia
Você deixou me
Perdida em nosso mundinho
Que hoje tornou se imenso
Não importa a direção do olhar
Você está presente
O passado vive em mim
O que fazer?
Escrever cartas que não recebes
Escrever poesias que não são lidas
Declamar versos que não ouves
Sussurrar "eu te amo" sem que ouças
O tempo chicoteia a carcaça
Os olhos não enxergam mais o horizonte
As mãos vazias ainda esperam pelas suas
A mente vive regressando ao passado
Porque lá tu estais
E o futuro?
É curto
Basta um amanhã por vez
Assim a solidão é ludibriada
A fé pequenina
Suplica por sonhos
Onde sua miragem pode ser observada
E assim o amanhecer é feliz
Mentindo ter lhe visto
Na mentira da mente por amor

De Elise para Rosemberg

quarta-feira, 16 de março de 2022

1361 - Valeu a pena

 

Partistes, partirei
Resistira o "valeu a pena"
Instantes eternos
Sem fim ou começo
Aconteceram
Unindo corpos e almas
Pequenos gestos de amor
Ganharam dimensões inimagináveis
Partistes, partirei
Resistira o "valeu a pena"
Instantes sagrados
Eternizaram almas
Congelando o tempo
No jardim imperial
Nas palavras inesperadas
No beijo roubado
Partistes, partirei
Resistira o "valeu a pena"
Fagulhas de luz
Sem começo ou fim
Iluminaram o caminho de dois
Que avistavam um futuro juntos
Com dias e noites cheios de paz
Onde só o amor reinava
Partistes, partirei
Resistira o "valeu a pena"
Corações flutuam abraçados
Os sonhos são instantes de magia
O impossível torna se possível na morte
Como chuva morna no corpo sem alma
Ou lampejos de estrelas semeando rosas
Nos instantes eternos congelados pelo tempo
Partistes, partirei
Resistira o "valeu a pena"
O amor semeado em corações sem alma
Floresce em sonhos na montanha de rosas
Onde raízes profundas sobrevivem
E o perfume das floradas se expande
Sem começo ou fim
Num coração sonhador

De Elise para Rosemberg

sexta-feira, 11 de março de 2022

1357 - Chorar

Existem lágrimas prazerosas
Lágrimas que rolam de doces lembranças
Soltar o pranto e rolar as lágrimas
É um agradecimento e não uma dor
Rolamos lágrimas de saudade da felicidade vivida

Felicidade separada pela linha do horizonte

As lágrimas tem o poder de aliviar a saudade
Aconchegar a alma solitária
Acariciar o presente com lembranças do passado
Equilibrar o amor sem eco ou reflexo
Deslizando na face tão carente de carinho

Só o amor liga céu e terra na linha do horizonte

Lágrimas represadas
Criam desilusões e confusões
Porque tudo torna se um redemoinho
Deixando a dor reinar sozinha
No solo sagrado das lembranças do amor

A muito nos esperamos e não nos encontramos

Chorar trás leveza
Chorar desperta a certeza de ter sido feliz
Chorar acorda a vontade de viver
Liberta o corpo da saudade e renasce lembranças
Depois do choro as sombras perdem suas forças

Todos os dias o céu brilha e o amor permanece imortal


De Elise para Rosemberg






segunda-feira, 7 de março de 2022

Árvore da saudade

 

A saudade
É árvore frondosa
Florindo
Lembranças diariamente
E seu aroma agradável
Preenche o vazio físico

A árvore da saudade
É imortal
Porque saudade
É sentimento infinito
Toda felicidade vivida
Torna se semente

A árvore da saudade
Germina de cada grão de amor
Felizes
São os que sentem saudades
Felizes
Os que possuem a sombra desta árvore

A árvore da saudade
Floresce por segundos felicidades vividas
Permitindo ao coração
Sentir o aroma das flores de cada instante
Unindo
Corações apartados

A árvore da saudade
Ao longo da vida cresce
Sua copa é grande
Frondosa e sem dor
Porque uni
Amores de uma vida

De Elise para meus corações que já partiram

sexta-feira, 4 de março de 2022

1350 - Limiar da vida

No último instante
Antes do além
Seja a visão do seu rosto
A guiar me sem medo

No último instante
Antes do além
Sejam suas mãos
A guiar me sem dor

No último instante
Antes do além
Seja sua voz nós meus ouvidos
A guiar me no silêncio sepulcral

No último instante
Antes do além
Seja seu perfume ao meu redor
A guiar minha carcaça fétida

No último instante
Antes do além
Seja seu abraço caridoso
A guiar me até o limiar da vida

De Elise para Rosemberg




quinta-feira, 3 de março de 2022

1349 - Reviver lembranças

No seu coração fiz morada por anos
Lugar onde o mal não penetrava
No seu corpo guardei meus desejos secretos
Suas mãos foram a guia firme no caminho
Seus olhos luz a clarear minha escuridão
Nosso amor tornou se um jardim florido
Perfumando os dias
Hoje você é saudade
Hoje eu estou desabitada
Revivendo lembranças
Seu coração mora em mim para sempre
Lugar onde o esquecimento não penetra
Seu corpo levou me a vida e os sonhos
Suas mãos indicarão a direção no fim
Seus olhos brilham em minha alma
Nosso amor tornou se um jardim de poemas
Perfumando lembranças
Hoje você é saudade
Hoje eu estou desabitada
Revivendo lembranças

De Elise para Rosemberg




terça-feira, 1 de março de 2022

1347 - Saudade

Saudade
dos passeios a Quinta da Boa Vista
Saudade
do barulho das crianças pela casa
Saudade
das panelas grandes cheias para o almoço
Saudade
dos momentos vividos que hoje são lembranças
Saudade
é estar só na companhia do seu amor

Saudade
da correria para trabalhar e cuidar a família
Saudade
dos problemas e dos tropeços pelo caminho
Saudade
dos cuidados e carinhos recebidos ao estar doente
Saudade
dos momentos não vividos que ainda hoje são desejos
Saudade
de existir para você

Saudade
de pronunciar seu nome a todo instante
Saudade
do café da manhã onde nós dois éramos casal
Saudade
do que eu fui para você em nossa caminhada
Saudade
dos momentos de nós dois
Saudade
de tudo que ficou para trás

De Elise para Rosemberg