terça-feira, 30 de janeiro de 2024

2038 - Um desejo (mini conto)

 

Passado e futuro se fundem num presente paralelo.
Escritora e leitor ligados pelo mesmo elo de amor.
...
Sentados num banco de madeira, embaixo de um Ypê amarelo com flores em toda sua copa e um belo tapete de pétalas amarelas ao chão.
Uma brisa mansa e corações de braços dados, aproveitam o momento mágico.
A poetisa lendo poesias para seu ouvinte apaixonado.
O ouvinte apaixonado ouvindo poesias de sua poetisa tão amada.
Ao final de cada leitura o ouvinte apaixonado pede:
- Leia novamente aquela parte...
A poetisa apaixonada lê e relé os versos escritos exclusivamente para seu ouvinte amado.
Assim o amor se faz presente novamente.
O ypê amarelo radiante pela magia do momento, deixa sua flores choverem sobre o casal.

De Elise para Rosemberg

domingo, 28 de janeiro de 2024

2045 - Ser livro


Chega ao fim parte de um amor, que sobreviveu no fio da navalha, entre a crença e a descrença.
Sua religião foi a escrita, seu legado folhas e mais folhas de papel com sonhos em forma de romances, contos e poesias.
Parte de um amor viveu num deserto, buscando por seu amor sem saber onde encontrá-lo.
Assim findou-se!
Sonhando…
Despertou depois de um longo sono, sem entender o que havia acontecido.
Seu mundo era só letras...
Estava num chão infinito de letras, tudo era letras e palavras.
Neste mundo de papel havia a vida mágica da escrita.
Flores e galhos eram formados por palavras ou letras aleatórias. Tudo parecia uma enorme folha de papel cheia de palavras vivas.
Parte de um amor caminhou até entender que estava dentro de uma folha de papel ou um mundo de papel.
Estava no seu mundo finalmente.
Parte de um amor passou seu tempo formando novos versos, poemas, contos e romances por onde andava.
Bastava pensar que as palavras surgiam por todo lado no mundo de papel.
Seus pés eram borrachas, permitindo assim mudar algumas palavras.
Neste mundo de papel havia um belo cenário ao fundo, com um jardim formado por flores e árvores de letras.
O céu possuía estrelas formadas pela palavra saudade em espiral.
A lua era formada pela palavra esperança em espiral.
O sol irradiava letras em forma de luz, que ao tocarem a folha de papel, brilhavam iluminando tudo.
Assim eram os dias e as noites de parte de um amor, que vivia no mundo de papel, tendo apenas palavras por companhia.
Um dia cansada da solidão, parte de um amor, colocou no papel uma oração.
Pensava e as palavras surgiam.
"Se há uma força superior, rogo que leia minhas palavras solitárias.
Faço versos com carinho, para parte de um amor que hoje é Inspiração.
Tenha compaixão das poesias sem contato com sua fonte principal - Inspiração.
Perdida estou não nas palavras, perdida estou nas entrelinhas da saudade.
Por vezes escondo-me nas entrelinhas, outras vezes choro no rodapé da folha, para não manchar os versos de amor com as lágrimas.
Eu desejo estar de alguma forma junto da minha Inspiração.
Estou exausta! Amém."
No final destas palavras, parte de um amor, presa a uma folha de papel, transformou-se em um livro com todas as suas poesias.
O livro passou por várias prateleiras, até que foi adquirido e passou a ser lido por Inspiração.
A cada leitura Inspiração era tocado no fundo da alma pelas palavras de parte de seu amor, fazendo-o recordar do amor vivido em um mundo distante.
Inspiração e Amor estavam juntos novamente.
O amor em forma de livro e Inspiração na forma de leitor.
Assim viveram inseparáveis.
Elise Schiffer
28/01/2024

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

2041 - Balanço da saudade










0704 - poesias cheias de saudades

que nunca ouvirás minhas declamações.

1680 - cartas de amor
que nunca chegarão em suas mãos.

2040 - dias de separação pela morte
que nunca poderemos reaver.

0011 - telas bordadas com nós dois
que nunca poderás sentir se vaidoso.

0001 - quadro com todas nossas fotos
que nunca poderemos relembrar juntos os momentos,

e muita solidão de nós dois.


Com saudades de Elise para Rosemberg

2039 - Mundo despovoado


A tristeza fez se presente
Ao você soltar minha mão
Restou segui caminhando
No mundo despovoado de nós

A estrada das lembranças
É o mundo que habitamos
Local vazio das mãos dadas
E repleto de sonhos

O caminho solitário e árido
Conduz meu coração pulsante
Em mãos desacompanhadas
Protegendo-o da tristeza

Com amor de Elise para Rosemberg 

sábado, 20 de janeiro de 2024

2037 - Semente da loucura

 


O amor entra no coração
Acende a luz da felicidade
Faz-se alegria e esperança
E morre...
O amor deixa a luz da União
Acessa no coração
Guiando a solidão na escuridão
E vive...
A semente da loucura
Toma a União em seus braços
Recita baixinho versos de saudades
E pulsa sonhos no coração desolado
E faz-se árvore...
A árvore da loucura
Abriga sob sua sombra
Tristezas e medos
Transformando morte em vida
E faz-se eternidade...

Elise para Rosemberg

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

2034 - Seixo











Houve um seixo sem eira nem beira, que sentia-se um diamante.
Presunçoso e altivo sentia-se o mais belo seixo do rio.
Tudo nele era perfeito e belo, apesar de sempre ocultar a verdade de si próprio.
Sua força vinha de sua imensa covardia.
Nas inundações deixava-se levar com ares de ser um rochedo, nas secas usava todo seu intelecto justificando o sofrimento.
Vivia sozinho porque ninguém era digno de sua beleza ou falso conhecimento.
O tempo rodou os quatros cantos do mundo até que um dia reencontrou seu amigo seixo-diamante num belíssimo pedestal.
- Oi meu amigo seixo-diamante como estais?
- Estou muito triste.
- Por que? Vejo que estais num belo lugar e em destaque.
- Sim! Faço parte da coleção de pedras de uma doce menina. Ela só vem aqui nas férias. O resto do tempo fico aqui neste quarto escuro e silencioso, a janela só é aberta raramente.
- Pelo que sei você vivia isolado de tudo e de todos.
- Eu estava errado. Sinto falta de todos. Sinto falta de companhia, do sol, da lua e das estrelas. Das águas do rio e de rolar junto com outros seixos.
- Meu amigo eu sou o tempo, faço o dia e noite caminharem para o futuro. Não tenho como levá-lo de volta ao rio. Não posso interferir no apego que os humanos tem pelas coisas.
- Tudo bem! Seguirei sonhando com dias melhores.
O tempo foi cumprir sua função.
O seixo ficou sozinho por anos, até que um dia sua doce menina cresceu, tornando-se uma bela jovem.
Em uma bela manhã de verão a jovem pegou seu seixo preferido e o transformou num cordão. Pendurou no pescoço e foi para um passeio em uma cachoeira.
La chegando o seixo sentiu muita alegria. Seu dia foi pura felicidade.
A tarde quando tudo estava sendo recolhido para o retorno, o seixo desejou com toda sua alma que queria ficar ali na natureza. Desejou e desejou.
A doce menina que hoje é uma jovem, sentiu um amor imenso pelo lugar. Agradeceu as águas, a vegetação e as rochas pelo dia magnifico. Neste momento ela segurou seu seixo, o beijou e o jogou nas águas da cachoeira.
Volte meu amigo ao seu mundo e seja feliz.
Assim o seixo sem eira nem beira, teve a oportunidade de um recomeço com mais humildade e respeito pela vida.

Elise Schiffer

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

2033 - Amor distante

Nascer a cada novo amanhecer,
Sentindo se órfão do amor distante.
Manter a fé a cada poente,
Na esperança do reencontro em sonho.
Rodopiar pelas lembranças,
Que mobilham o coração vazio de vida
Caminhar sob o silêncio das estrelas,
Aguardando a visita do amor distante.

De Elise para Rosemberg


quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

2028 -- Árvore dos sentimentos (conto)

 


Um coração solitário
Chorou todos os dias no mesmo lugar, suas lágrimas foram absorvidas pelo solo seco da vida.
Os sentimentos contidos nas lágrimas germinaram no solo e nasceu uma plantinha chamada Esperança.
Nasceu a planta dos sentimentos.
A planta tornou se um arbusto e logo uma árvore frondosa cheia de flores, que abrigava a todos, sob sua sombra.
Crianças sorriam e brincavam.
Idosos contavam histórias.
Jovens faziam juras de amor.
Os solitários cheios de saudades, eram abraçados pelas folhas que caiam da árvore.
No final de cada dia, no silêncio da noite, as flores da árvore choravam lágrimas de saudades.
Saudades dos dias vividos, nos olhos apaixonados do coração solitário, que deixou seus sentimentos sobre a terra e morreu.
As lágrimas absorvidas pelo solo seco, eram de saudade do amor vivido.
Para não morrer os sentimentos viraram árvore.
Hoje estes sentimentos vivos olham para o céu todas as noites, buscando por estrelas em forma de rosas.
Elise Schiffer
11/01/2024

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

2027 - Amor sem fim (conto)

 


O amor…
Dínamo ininterrupto.
Força propagando-se pelo universo
E vez por outra…
Suas forças se reencontram em sonhos.
“Uma lanchonete, muito mais que um lugar com mesas e cadeiras.
Local onde corações ficam frente a frente.
Conversando em silêncio…
E o sorvete?
É o doce a açucarar o momento.
O gelado amornando o fogo da paixão.
Local perfeito para corações adoçarem os olhares e amornarem suas saudades.”
Assim é acalentada a ausência do amor e o corpo desperta feliz, para mais um dia vazio no seu coração.
De Elise para Rosemberg
10/01/24

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

2025 - O meu, o seu, o nosso céu

 

No meu céu interior
há trapézios nas estrelas
E os sonhos rodopiam
deixando rastros de luz

No seu céu interior
há trampolins para as estrelas
E os sonhos de um e de outro
brincam sob as lembranças

O nosso céu interior
é formado pela nebulosa das lembranças
Poeira brilhante do passado
interligando estrelas ao centro do coração

Os pensamentos saudosos
ultrapassam o sistema do amor
Alcançando a essência original
da vida que nunca morre

A estrela central é o coração
orbitada por sentimentos imutáveis
Amor, amizade, cumplicidade,
desejo, companheirismo e saudade

De Elise para Rosemberg

domingo, 7 de janeiro de 2024

Epitáfio de uma caneta

 










Quando eu não puder mais escrever,
Doe para reciclagem o que restar de mim.
Digam as crianças que escrevi belas histórias,
Aos adultos que escrevi versos de amor
E aos idosos que gravei lembranças em poemas.

Traduzi alegrias e saudades em palavras,
Lágrimas em orações cheias de esperanças,
Deslizando pelas linhas e entrelinhas dos sonhos.
Em mãos infantis gargalhei e pulei, fui pureza.
Desenhei sapo com asas e estrelas de óculos.

Deixo desenhos e palavras gravados em papel.
Fiz tudo com amor e respeito ao ato de escrever.
Cada traço desenhado por mim,
Tem o som de um coração apaixonado,
Que bailou comigo numa folha de papel.

As palavras não morrem.
Elas vivem a cada novo olhar de um leitor.
Eu parto feliz por ser mãe de palavras e desenhos,
Paridas por mãos escritoras e mentes sonhadoras.
Tenham sido adultas, idosas ou infantis.

As canetas que virão depois de mim,
Desejo mãos inspiradoras,
Mentes sonhadoras e
Corações apaixonados.
Eu vivi para amar a escrita e parto feliz.

De Elise Schiffer para sua caneta.
07/01/2024

sábado, 6 de janeiro de 2024

2023 - A janela



Há uma janela entre o céu e a terra
Permitindo que a brisa do sonho
Refrigere a saudade
Vez por outra a janela entre os mundos
Abre se para a saudade voar nos sonhos
Podendo ter a visão de uma benção
Distante...
O caminhar sereno do amor
No jardim das rogativas da saudade
Passo a passo com sua bengala
No caminhar firme e recuperado
A saudade observa do outro lado da janela
O instante abençoado
Poder olhar seu amor de costas
Caminhando serenamente
No jardim das suas rogativas
A janela fecha se entre os mundos
A realidade volta para o ninho da solidão
Com o coração sorrindo de felicidade
De Elise para Rosemberg