1710 - Loucura

 

A loucura nos move

Permitindo que pensamentos insanos

Voem desbravando terras sem leis

Na loucura os dogmas são derrubados

A saudade torna se encontro

E a morte um véu translucido

A loucura e seus desvarios

Caminham desprovidos de pudor

Lado a lado despidos da razão

Nestas terras sem lei

Os desprovidos de pudor sussurram

- Loucura dos meus dias, estenda me sua mão.

De Elise para Rosemberg

Só gratidão 16/12/22

Só gratidão.

Zulmira minha avó materna deixou me o gosto pelo crochê

Dulce minha tia materna deixou me o gosto pelo bordado

Irtes minha mãe deixou me o amor pelos netos

Schmidt meu pai deixou me o amor pelos livros

Guilherme meu avô paterno deixou me o gosto pelos desenhos

Rosa minha avó paterna deixou me o gosto pela costura

Martha minha irmã deixou me o controle financeiro para velhice

Todos deixaram algo que aglutinei na caminhada

Hoje como última safra, deixo meu amor pelos filho e netos

Deixo minha gratidão por tudo que a vida me proporcionou

Sou grata pela família que tive.

Grata pelo curso de datilografia que fiz em Olaria permitindo me ser funcionária pública do antigo IAPAS.

Sou grata pela faculdade de Biologia que fiz, por ter quitado meu crédito educativo com um emprego de Professora digno e horando, emprego esse que não valorizei.

Sou grata pelo Serviço Público que tive.

Sou grata por minha aposentadoria.

Sou grata pelos meus três filhos e meus quatro netos.

Sou grata por cada dia que vivi ao lado do Rosemberg, que foi a estrela do meu céu.

Sou grata pela casa, a quem chamo de porta joias, paraíso que construímos juntos em Vaz Lobo.

Sou grata pela aquisição do meu apartamento e por sua quitação ainda em vida, pois tenho consciência que é muito mais que minha condição financeira permitiu na vida.

A vida deu me muito mais do que mereço.

Eu só tenho a agradecer e pedir perdão por minhas faltas.

Elise

1702 - Amasiados

A Saudade amasiou se ao Passado
As Lembranças são as bastardas desta união

Sem regras ou pudor este casal segue seu caminho
Saudade e Passado dizimaram a morte e o tempo

Amasiados numa terra sem limites ou lei
Tomaram posse por direito do presente

Saudade e Passado vivem no presente do passado
No latifúndio do amor sem futuro

1701 - Ser

Ser forte
mesmo com o peito sangrando
Mulher rocha - esposa
Ser trincheira
protegendo os sonhos da desilusão
Mulher árvore - mãe
Ser baluarte
mantendo vivo o passado feliz
Mulher riacho - avó

Elise

1701 - Fim da estrada

 

O fim da estrada

É o percurso mais difícil

A carcaça cansada

Fraqueja diante aos obstáculos

O fim da estrada

É silencioso fora e dentro da alma

A carcaça surda

Busca pelos sons do passado

O fim da estrada

É humilhante para quem já reinou

A carcaça fétida

Sorrir fingindo comando

O fim da estrada se faz longo

É preciso forças para trilhar

A carcaça cambaleia

Marcando seu rastro com lágrimas

De Elise para Márcia

1698 - Exilado

 

O exilado chora lágrimas amargosas

Seu caminhar é sempre em frente

Com o coração voltado ao passado

Regressar não é permitido

Somente o sonhar é garantido

O exilado canta versos vazios

Dias e noites são sem esperanças

O amor voa como pipa presa ao passado

Chuva de lágrimas descem dos céus

Regando sonhos que não germinam

De Elise para seu porta joias

1692 - Amor em forma de presente

 

Círculo infinito

Forjado com a liga do amor

Vermelho é o coração

Sobre o círculo infinito

Circundado por estrelas

Oito estrelas de luz

Amor a envolver o coração

Pulsante no círculo infinito

De Elise para Rosemberg (filho)

09/02/23

1689 - Escrita da alma

Palavras...
fonemas da alma sonorizados pelo coração
criando versos que atravessam o tempo
Vocabulários...
significados novos as unidades escritas
mantendo sentimentos antigos invioláveis
Voz...
transformação da dicção em cântico
capaz de transmutar sentimentos em canções
Versos...
avivamento da saudade em doces lembranças
decodificando o amor em poesias fraseadas
Palavras...
sonorizar textos da alma dando vida a oratória
convencendo a solidão da condição transitória

De Elise para Rosemberg

1688 - Bordando

Bordando estrelas
as mãos chegam aos céus
encontrando seu par

Bordando o mar
o corpo mergulha nas ondas
e sente o abraço acolhedor do amor

Bordando pedras
os pés caminham pelo passado sólido
onde estão os tesouros da vida a dois

Bordando árvores
a vida se faz pulsante rumo a eternidade
borbulhando a certeza da evolução

Bordando flores
os dias de outono ganham esperança
e as floradas relembram o aroma da união

Bordando chuvas
o delírio dos céus na terra se faz vivo
com faíscas do amor apartado em forma de luz

De Elise para Rosemberg

1684 - Sonho 310123

Estar dois no mesmo sonho
é a confirmação do elo após a morte
Um sopro de esperança

Andar numa escadaria branca
é a fé no mesmo nível para os dois
Corações nivelados

Caminhar de braços dados
é a certeza do amor companheiro
Olhares no mesmo horizonte

Um torcer o pé direito na escada
é motivo para cuidado e espera
Cuidar é amar

Tentar pegar uma cadeira e não conseguir
é a comprovação de que um só é fraco
Vigor é união

Pedir ajuda para socorrer o amor
é a comprovação da humildade zelosa
Velar solidifica a união

De Elise para Rosemberg (31.01.23 às 4hs)