sexta-feira, 29 de março de 2019

Não há


Não há futuro...
Não há despedida,
Quando só um diz adeus.
Não há despedida,
Quando um permanece no amor.

Não há presente...
Não há morte,
Quando um só parte.
Não há morte,
Quando um de dois permanece.

Não há futuro...
Não há casal,
Quando apenas metade vai embora.
Não há casal,
Quando o par é apenas um.

Não há presente...
Não há palavras,
Quando você não pode me ouvir.
Não há palavras,
Quando sua voz não vibra em mim.

Não há nada...
Não há tempo ou espera,
Quando o tempo é da solidão.
Não há tempo ou espera,
Quando o passado é presente.


De Elise para Rosemberg.
Livro Montanha de Rosas V.
279

quinta-feira, 28 de março de 2019

Ser árvore

Ser árvore forte e robusta,
Permitindo aos seus tocarem o céu.
Vivendo seguros no refrigério do amor.
Ser árvore derrubada pela vida.
Deixando raízes fortes e sãs,
Que germinam do inferno para o céu.
Ser árvore com raiz viva e firme.
Presente nos dias secos pela saudade e
Nas reminiscências da felicidade.
Ser árvore de luz.
Que liga o céu aos sonhos,
Com floradas de amor no coração.
278
De Elise para Rosemberg.
Livro Montanha de Rosas V.

quarta-feira, 27 de março de 2019

Tempo linear e cíclico - 9 meses


Nosso tempo foi linear.
Caminhávamos cheios de planos e sonhos.
O futuro era a certeza da perpetuação do amor.
A cada dia o querer foi aprimorado e preservado.
Vivemos nosso início, meio e fim do tempo linear.
Hoje meu tempo é cíclico.
Não há mais início, meio ou fim.
Apenas um eterno retorno.
Meu presente é uma retrospectiva infinita,
Dos momentos enraizados,
No presente do passado.
Hoje minha história é atemporal,
Onde vivermos juntos novamente.

Elise para Rosemberg
Livro Montanha de Rosas V
273

quarta-feira, 20 de março de 2019

Corpo e alma

O corpo deseja romper com a alma.
O coração deseja libertar a alma.
A alma perdeu o tempo da vida.
O coração cansado do desamor rompe com a alma.
O tempo pede calma ao corpo.
O corpo rompe com o coração e a alma.
O tempo corre.
A alma quer voar.
O corpo quer descansar.
O corpo anseia apenas libertar a alma.


Livro Montanha de Rosas V.

Silêncio

O silêncio inicia o jogo da memória.
A realidade é traída pela memória.
Despertando o medo da solidão.
A paixão selada com promessas e sonhos,
Sofre rompimento sem permissão.
A separação desperta o medo do fim.
Iniciar o jogo da memória é reviver,
Promessas que não serão cumpridas.
Sonhos que não serão vividos.
Dois não são mais um.
No jogo da memória não é permitido sair.
A regra é jogar sozinha em silêncio no silêncio.

De Elise para Rosemberg.
Livro Montanha de Rosas V.
267

Sepultar o luto



Como sair do luto?
Se velo nossas lembranças a cada segundo.
Como virar a página?
Se nosso romance está nas entrelinhas do capítulo União.
Como sepultar o amor?
Se ele vive dentro de mim e floresce a cada amanhecer.
O luto está dentro da alma,
Transformando as recordações em preto e branco.
A página que findará nossa união,
Possui entrelinhas nas entrelinhas.
Sepultar o luto enraizado na alma,
É ver você morrer novamente e peregrinar sozinha.

266
De Elise para Rosemberg.
Livro Montanha de Rosas V.

Saudade


A saudade tem memória.
Recordações entram traiçoeiramente no presente.
O peito sangra com a dor da alma.
O corpo sem vida lateja com a dor física.
A saudade tem vida própria.
Sua força avassaladora mata a vitalidade.
O peito sem coração e sem alma,
Dilacera o corpo sem amor.
A saudade tem medo.
Das recordações se apagarem no futuro.
O peito cheio de ansiedade chora lágrimas salobras.
O corpo decrépito apenas sonha com a morte.
A saudade tem memória perpétua.

265
Elise para Rosemberg.
Livro Montanha de Rosas V.

Caminhos da saudade.


Caminhar...
Seguir dia após dia na avenida da saudade.
O tempo está no 263 na estrada das lembranças.
No jardim dos sonhos, espinhos despertam a alma vencida.
O largo dos amores ante barulhento, hoje está silencioso.
Caminhar...
A longa rodovia dos prazeres está destruída.
A rua dos sorrisos perdeu sua alegria.
Restando apenas a travessa da solidão,
Que hoje é via de mão única para a saudade.
Caminhar...
Passo a passo pelas vielas da dor.
Sem forças para atravessar o viaduto da esperança,
Que conduzirá a vila do reencontro.
Findando com a saudade traiçoeira.
Caminhar...

263
Elise para Rosemberg.
Livro Montanha de Rosas V.

quarta-feira, 6 de março de 2019

A morte

A morte é vaidosa e caprichosa.
Seu comparecimento destrói vidas em dupla.
A vida que se finda ao ultimo suspiro
E a vida que fica findando se dia após dia.
Lágrimas e dor alimentam seu capricho.
Desejar morrer alimenta sua vaidade.
A esperança de uma continuidade,
É entorpecente para a dor da saudade.
O vazio do fim é faca de dois gumes,
Capaz de retalhar e sangrar o resquício de vida,
Alimentado apenas pelas lembranças do passado.

De Elise para Rosemberg.
Livro Montanha de Rosas IV.
256



segunda-feira, 4 de março de 2019

É tempo de ausência.

É tempo do reinado da solidão.
O relógio faz a própria medida do tempo.
O tempo é pessoal e na medida certa.
É tempo do imaginário sem espaço.
O relógio pode ir e vir no tempo.
O relógio psicológico inverte o tempo.
É tempo de viver do passado.
O relógio do futuro faz retorno no passado.
O Passado pulsa no presente.
É tempo do reinado da ausência.

De Elise para Rosemberg.
Livro Montanha de Rosas IV
254




domingo, 3 de março de 2019

O tempo passa

O tempo passa e a dor fica.
Desejar o fim não basta.
A tristeza é veneno que não abate,
Todas as manhãs, os olhos se abrem no cárcere da vida.
O tempo passa e a dor aumenta.
A saudade não abranda.
O vazio de você não dá  tréguas.
Todas as manhãs, os olhos se abrem no cárcere da vida.
O tempo passa e a dor chicoteia a carcaça.
O choro continua silencioso e traiçoeiro.
As lembranças dopam a vil realidade.
Todas as manhãs,  os olhos se abrem no cárcere da vida.
O tempo passa e a dor decompõe a esperança.
A certeza de um depois torna se miragem.
O coração sem fé apenas pronuncia seu nome.
Todas as manhãs, os olhos se abrem no cárcere da morte.

De Elise para Rosemberg.
Livro Montanha de Rosas IV.
253

sexta-feira, 1 de março de 2019

Soleira da Morte

Buscar a felicidade no fundo da alma,
Encontrar apenas uma estrela no céu da boca,
Sem brilho aguardando a luz do amor.
O mundo girando e o tempo correndo,
E a esperança descendo fundo na alma
Desejando que a partida tenha sido um sonho.
Como viver longe após anos de união?
A vida a dois vive nas lembranças,
Restando apenas o limite da morte.
Buscar e mesmo assim não haver dois.
Procurar e não achar o portão de saída
Com acesso a estação de embarque.
O vagão da vida está repleto de lugares vagos,
Até o sol perdeu seu horizonte,
As mãos ficaram vazias de amor.
O universo separou almas apaixonadas.
Almas que mudaram seus destinos.
Com olhares que se tocavam destruíndo os medos.
Com abraços que se envolviam afastando as tristezas.
Almas apaixonadas que foram luz e vida.
Hoje são apenas solidão e escuridão.
Almas que não aceitam a separação,
Pois tinham acordado envelhecerem juntas.
E hoje estão separadas apenas pela soleira da morte.

De Elise para Rosemberg.
Livro Montanha de Rosas IV
251