Trilhar seus passos

Trilhar seus passos na mesma senda.
Ferir os pés nas mesmas pedras.
Ouvir o silêncio a gritar por socorro.
Provar seus medos e fingir ser forte.
Castigo... Provação...
Destino da velhice.
Solidão!
Trilhar seu caminho buscando suas mãos.
Chorar em silêncio a cada tropeço.
Deixar se dominar pelo remanso gélido.
Ter medo dos distanciamentos afetivos.
Castigo... Provação...
Destino da viuvez,
Solidão!
Trilhar os sonhos a sua procura.
Secar as lágrimas com os lenços do silêncio.
Ouvir o passado gemendo no peito fétido.
Fechar os olhos e continuar enxergando o vazio.
Castigo... Provação...
Destino da ineficácia.
Solidão!

431
De Elise para Rosemberg

Momentos e lembranças

Nos momentos de medo,
Suas lembranças me acalmam,
E como sol aquecem meu coração.
Nos momentos de  felicidade,
Suas lembranças me completam,
como o brilho da lua no céu estrelado.
Nos momentos de solidão,
Suas lembranças me afagam,
Como a chuva acariciando a natureza.
Nos momentos de saudades,
Suas lembranças me abraçam,
Como a terra acolhendo uma semente.
Nos momentos do adormecer,
Suas lembranças preenchem meus sonhos,
Conduzindo me até seus braços.
Nos momentos do despertar,
Suas lembranças iluminam meu dia.
Livrando da sua ausência.

430
De Elise para Rosemberg

Lembranças

As lembranças são chibatadas na carcaça que teima em viver.
Sem tréguas fazem sangrar enquanto outras apenas ardem.
Todos esperam que o sobrevivente triunfe sobre o luto.
As lembranças são como açúcar que adoçam e fazem mal.
Vão minando a esperança e asfixiando a pouco fé.
Todos esperam que o amor mingue com o passar dos dias.
As lembranças se tornam amantes da solidão.
A relação é viva e escondida de todos que circulam a viuvez.
Todos esperam que a vida prossiga com a mesma agitação.
As lembranças formam mosaicos dos dias vividos em família.
A felicidade torna se relíquia no museu das bodas.
Todos esperam por abraços sem compreender a mutilação.
As lembranças são banhadas com lágrimas salobras da saudade.
Que não germinam nem morrem, apenas apodrecem lentamente,
Todos esperam que a morte não mate o sobrevivente sem vida.

De Elise para Rosemberg.
426

Sonhos que afagam

Sonhos...
Loucura que afaga a saudade.
Ilusão que acaricia a dor.
Tocar você no sonho,
Ver seu rosto no desatino.
Caminho que trás você para mim,
Mesmo que sonhar seja ilusão.
Sonhar contigo...
Acalento após meses de separação.
Loucura, ilusão ou sonho?
Não importa!
Acalento para a saudade,
É sonhar dentro do meu sonho,
Que posso tocar o amor.
Sonhos...

De Elise para Rosemberg
426

O fiel da balança

O fiel da balança de nossas vidas,
Não encontra mais equilíbrio nem medida.
Vida e morte estão na mesma proporção,
Nos pratos da esperança e do desalento.
A morte tende seu peso para o fim,
A vida tende seu peso para a continuidade.
O fiel da balança está instável.
A saudade e o amor estão no prato da esperança,
A dor e a solidão estão no prato do desalento.
A revolta e a sabedoria são pesos efêmeros.
Os valores agora são mutáveis e adaptáveis.
A essência da vida é força invisível e sem peso.
O fiel da balança não interfere na conjuntura.
Nossas vidas estão em pratos oposto,
Com a mesma essência.
Vida e morte são pesos transitórios.

De Elise para Rosemberg.
424

Nosso tempo

O ciclo da união foi interrompido.
Nosso tempo...
Continua pela eternidade.
Parte do ciclo esta no presente vazio.
Parte no passado a dois.
O amor segue a caminhada.
O hoje é infinito na busca por ontem.
O ontem está emperrado sem futuro.
O tempo da velhice unida ficou enjeitada.
E o nosso tempo?
É todo o tempo do mundo.
É o tempo que nos prometemos.
É o tempo que vivemos.
É o tempo que ainda viveremos.
Nosso tempo é essência.
O ciclo do amor é ininterrupto.
Seu  pulsar é continuo.

422
De Elise para Rosemberg

O bailado

A saudade e as lembranças vivem a bailar.
Ao som do sino anunciando a hora.
O sol se põe soluçando de saudades.
A lua surge tímida trazendo lembranças.
O medo da solidão alvoroça o dia e a noite.
A alma geme ao tilintar do sino.
O dia dorme, a noite acorda.
A dor vaga sem rumo.
Dormir é cruzar ponte do delírio.
O sonho grita, sinta o aroma do amor!
O perfume preenche o vazio da alma.
Há um jardim de rosas sem espinhos.
Cultivadas por mãos e corações unidos.
A Montanha de Rosas vive nos sonhos.
Perfumando o calvário da solidão.
A saudade e as lembranças bailam.
Ao perfume da Montanha de Rosas.


421
De Elise para Rosemberg.

Vidas paralelas

A vida interior pronuncia seu nome,
Revivendo o passado.
A vida externa disfarça a dor,
Vivendo sem lucidez.
Palavras ditas pelo coração,
Que só o interior ouve.
Risadas a meia-luz,
Isolando a solidão no exterior.
Pés voltando ao passado,
Buscando incansavelmente por você.
Olhar para o futuro sem luz,
Dissimulando planos para o fim.
Lágrimas secretas inundando a alma,
E lágrimas ocultas disfarçando a saudade.
Duas vidas e uma só saudade,
Vidas paralelas que se tocam nos sonhos.
Elise sem Montanha de Rosas a fenecer,
Montanha de Rosas a secar longe de Elise.

De Elise para Rosemberg.
420

Vosmecê

Vosmecê é eterno em minhas lembranças.
Vosmecê é eterno em vários corações.
Sua existência não deixou a dor da saudade.
Ficou as recordações de plena felicidade.
O amor semeado germina a cada estação.
Vosmecê é eterno em minhas lembranças.
Vosmecê é eterno em vários corações.
Sua vivência deixou nos a essência do amor.
Ficou em nossas memórias sua docilidade e fé.
Seu amor iluminou o melhor de cada coração.
Vosmecê é eterno em minhas lembranças.
Vosmecê é eterno em vários corações.

417
De Elise para Rosemberg

Lampejos

Lampejos de você nos sonhos.
Faíscam na memória com seu rosto.
Freiam a dor da separação.
Lampejos de dois mundos que se tocam.
Faíscam iluminando nossos olhares.
Freiam a espera pelo fim.
Lampejos do que foi amor.
Cintilam na alma morta.
Renascendo a fé tortuosa.
Lampejos de amor no céu sem estrelas.
Cintilam em mãos que te procuram.
Renascendo a certeza do reencontro.

416
De Elise para Rosemberg

O tempo

O corpo acostuma com a ausência física.
O coração pulsa  apesar da saudade.
A mente brinca de replay com as lembranças.
O tempo fluí.
A fúria abranda.
A revolta fica.
O corpo acostuma com o espaço vazio.
O coração pulsa apesar da saudade.
A mente borbulha detalhes da vida a dois.
O tempo diluí a dor.
A revolta esfria.
A solidão aumenta.
O corpo acostuma com o presente do passado.
O coração pulsa saudade rumo ao futuro.
A mente engana o futuro sem presente.
O tempo apenas segue seu curso.
A solidão adere a vida.
A vida anseia pela visita da morte.

De Elise para Rosemberg.
415

Toalha da vida

Ser forte sempre foi a única opção.
A toalha da vida era bordada com flores.
Flores das dores ocultas.
Pétalas secas de cicatrizes disfarçadas.
Folhagens de sacrifícios desconhecidos.
Galhos sem direção de sentimentos infames.
Lágrimas silenciosas em forma de orvalho.
Do bordado surgiu uma montanha de rosas.
Ser forte não era mais preciso.
A toalha da vida passou a ser bordada com sonhos.
Flores do amor se multiplicarão.
Pétalas macias acariciarão a esperança.
Folhagens verde foram o toque de renovação.
Galhos frondosos fornecerão extensão a vida.
Lágrimas de alegria irrigarão a fé.
A toalha da vida rasgou. 
Ser forte não é mais possível.
A  Morte desfez os bordados do amor.
Linhas e toalha não tem mais união.
A montanha de rosas vive nas lembranças.
Tecer ou bordar não é mais possível.
O frangalho sobre a mesa serve para a Morte,
O café frio e margo da sua ausência.



De Elise para Rosemberg
413

Onde estiver.

Esteja eu onde estiver,
Seja qual for o tempo.
Tu estarás em meus pensamentos.
Quando eu não puder mais pensar.
Tu estarás em meu coração.
Quando meu coração não mais bater.
Tu estarás na fagulha do meu ser.
Esteja tu onde estiveres,
Seja qual for o tempo.
Eu buscarei por você.
Seguirei as forças do seu pensamento.
Se tu não puderes pensar.
Seguirei o pulsar do seu coração.
Se o seu coração não pulsar.
Seguirei a fagulha do seu ser.
Seja onde for que estejamos.
Seja qual for o tempo.
Nossos pensamentos estarão ligados.
Nossos corações estarão no mesmo compasso.
Nossas fagulhas se fundirão.

408
De Elise para Rosemberg.

Feliz aniversário.

Feliz aniversário.
O primeiro abraço da manhã.
Abraço sincero recheado de bem querer.
Parabéns.
O calor do amor aquecendo sonhos.
O olhar que vê o melhor do mundo.
Feliz aniversário.
O café da manhã com requinte de união.
Sonhos e olhares tecendo cumplicidade.
Parabéns.
Não há mais café da manhã.
Sem abraço não há mais cumplicidade.
Feliz aniversário.
Sem o olhar do amor não há mais aniversário.
Sem a mão do amor não há mais comemoração.
Parabéns.


De Elise para Rosemberg.
406

Na tela da vida

Na tela da vida...
A dor tem as cores da ilusão.
A saudade é perfumada com as fantasias.
A solidão sente frio com o vento da morte.
A fé chora a ausência do aconchego.
A esperança fica desnuda diante do vazio.
O tempo corre...
A felicidade não encontra seu ninho no futuro.
As nuances da vida desbotam com as lágrimas.
A dor é assassinada pelo tempo.
A ausência é ocupada lentamente pelo desalento.
A vida não preenche mais a tela...

De Elise para Rosemberg.
404