domingo, 30 de abril de 2023

1771 - Cisão

A cisão do amor leva metade de uma vida
A sobrevivência de parte do amor é transitória
O novo percurso é via formada por retornos
No passado está o bálsamo da amputação drástica

As lembranças ocupam a metade que ficou vazia
Assim a parte sobrevivente enraíza se no passado
O futuro perde sua chance no presente aferrolhado
O ciclo presente e passado é preservado pelo amor

O espaço físico apequena se a cada novo amanhecer
Os sonhos são semeados na metade diminuta da alma
O meão de uma vida desmorona ao sobrepeso da saudade
O amor precisa ser par de olhares, mãos dadas e sonhos

A cisão do amor de corações no mesmo compasso
Faz florescer uma sobrevida transitória com mutilações
Enraizando sonhos em terras governadas pela loucura
Só no passado está o bálsamo da amputação drástica

De Elise para Rosemberg

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Estrelinha

 

Todos nós temos um céu particular
Estrelas surgem
E algumas se apagam
A primeira vez que olhei para o meu céu
Pude ver magnificas constelações
Com o passar dos anos
Aumentou o numero de estrelas no meu céu
Algumas estrelas se apagaram
Outras nasceram cheia de luz
Quando meu céu estava povoado e iluminado
Eis que três estrelas se apagaram repentinamente
Ao pensar que meu céu estaria envolto num véu
Surge uma estrelinha brilhante
Reacendendo todas as outras estrelas do céu
A estrelinha Luiza
Hoje fazem dois anos que meu céu está mais iluminado
Vovô Elise
27/04/23

segunda-feira, 24 de abril de 2023

1766 - Primeiro olhar

Com a chegada da saudade
As lembranças reinam com doçura
Acariciando o vazio dominante

No passado do passado vive a magia
O selo real da união é o primeiro olhar
Quando almas solitárias se encontram
E assim selam se corações apaixonados

O primeiro olhar tem sonhos e expectativas
Os desejos silenciam o bom senso da vida
Dissipando o medo da solidão para longe
Os olhares traduzem "nos amamos"

Na partida reina somente a saudade infinita
As lembranças adoçam o salobre do pranto
E os sonhos noturnos unem almas apartadas


De Elise para Rosemberg


sexta-feira, 21 de abril de 2023

1762 - Dias

 

Há dias...
Dias de funções cumpridas com amor
Dias repletos de afazeres sem serventia
Dias sem companhia as refeições
Há dias...
Dias com futuro vazio traçado
Dias como peso aos dias alheios
Dias de súplicas que não vão aos céus
Há dias...
Dias mentindo viver feliz no presente
Dias fingindo ser amada pelas sementes
Dias de sombras na estrada do passado
Há dias...
Dias sem sonhos por medo do desprezo
Dias que o tempo dita regras rígidas a seguir
Dias frios sem dor onde apenas há lembranças
Há dias...
Dias sem vida onde os sorrisos são dissimulados
Dias sem amor onde o coração finge pulsar
Dias sem fé com orações incrédulas
Haverão dias...
Elise

domingo, 16 de abril de 2023

1758 - Solidão/Silêncio

 

A solidão do silêncio
é desnuda pelas lembranças
O passado sorrateiro e sem pudor
invade a velha alma de dor
O território fértil da felicidade
está cada vez menor em bondade
A dor bombardeia o silêncio
com gemidos de saudades
Apenas a farsa do ”tudo bem”
caminha no desterro da fé

A solidão do silêncio
é forçada a um hoje sem amanhã
O passado subjuga o presente
que sem forças não sonha mais
Não há mais safras de felicidades
porque o solo tornou se infértil
A dor zomba da vida
que tenta e não chega ao seu fim
A cada novo amanhecer
há apenas a mansidão do “tudo bem”
Elise

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Sarau Poético em Paquetá 08/04/23

Meu muito obrigada a Escritora Katia Pinno

Estradas se cruzam
Sonhos se unem
Livros são elos
E assim...
Cresce a família de escritores
Levando sonhos pelas estradas

A teia invisível da vida
Aproxima almas apaixonadas
Almas que escrevem
Almas que declamam
Almas que semeiam poesias
Almas que sonham

Elise

terça-feira, 11 de abril de 2023

1753 - Houve/Há/Haverá

 

Houve uma mulher
Que esteve viva
Seus caminhos foram...

Décadas
Fingindo ser escritora
Décadas
Achando se companheira
Décadas
Tentando ser boa mãe
Décadas
Mentindo ser boa profissional
Décadas
Esbravejando ser boa irmã
Décadas
Coroando se como boa filha

Há uma mulher
Morta que vive
Seus descaminhos são...

Décadas somando se a décadas
Totalizando 2 séculos de desilusão
Mentiras e sonhos que evaporaram
Um hoje que é passado sem futuro
Um escrever perdido sem as entrelinhas
A viuvez que findou com a eternidade
O ninho da mãe protetora sem árvore
A aposentadoria trazendo desmérito
A vida interna e externa descoloridas
Restando apenas o reflexo de uma miragem
E a retomada do seu próprio deserto
Com sorrisos que aprisionam a dor

Haverá uma alma no desterro da fé
Caminhando sem rumo
Sem nunca chegar...
Elise

1750 - Bairro Vaz Lobo


Moro em qualquer lugar
mas meu coração está fincado
na Travessa Cascavel - Vaz Lobo
meus olhos enxergam belezas
E ouço o cantar dos pássaros
Os dias chegam de mansinho
Trazendo ruídos e alegrias da criançada
Lá morou a felicidade e um pedaço do céu
Podem falar mal de Vaz Lobo
Dos tiroteios e brigas de facções
Lá é onde esta minha entrada para o céu
As lembranças agradáveis e juras de amor
O comércio suburbano aconchegante
Vizinhos que socorrem com presteza
E cachorros latindo a noite para os gatos
Vaz Lobo que já teve Bonde e Chafariz
Lotações e linhas famosas como 780 355 e 676
O Cine Vaz Lobo com pardais durante as sessões
O Supermercado Mundial e as Óticas Lobinho
e o pão maravilhoso da padaria do Caetano
Vaz Lobo bairro do subúrbio
Vizinho do Samba de Madureira
Do bairro poético Vicente de Carvalho
Bairro onde viveu minha Montanha de Rosas
E vivem minhas doces lembranças

Elise 

1750 - Paquetá

   Escrito na espera do Saguão do Hotel Lido (08/04/2023)

Paquetá!
Como é Paquetá sem você?
Vazia.
Totalmente vazia.
Um vai e vem de pessoas invisíveis
Porque nenhuma delas é você
Um dia chuvoso a dizer...
O céu chora
Porque não vê o casal
A palavra de ordem
É "coragem".
O caminho é longo e solitário
Até o mar aquietou se, não há ondas
As nuvens estacionaram sem vento
O dia está sem sol
Porque falta a luz do seu amor
Hoje a Elise caminha como metade
Porque sua metade partiu - Rosemberg
A escritora equilibra se nas entrelinhas
Onde versos de saudades e amor
Apenas teimam em sobreviver
Elise

quarta-feira, 5 de abril de 2023

1747 - Nuvens de sonhos

 

Os sonhos
não concretizados evaporam
formando nuvens densas e cinzas

As nuvens pesadas
caem como chuvas de sonhos
voltando as suas origens

O rio das petições
é volumoso e transborda
com as fortes chuvas precipitadas

As súplicas
são falsas orações sem fé
persistindo nos sonhos de um depois

As lágrimas
são sonhos não autenticados pela vida
e perdidos para a desesperança

As reivindicações
são artifícios delirantes
que acalmam corações solitários
As ilusões
ninam as noites enlouquecidas
com sonhos não peticionados

Os desejos secretos
são sonhos de reconquistas
e não sonhos de almas ocas

Elise

terça-feira, 4 de abril de 2023

1746 - Tempo

 

Qual o propósito do Tempo?
Ele vive espreitando a casa da vida
Num passeio diário a frente das janelas fechadas
Ciente que os dias secos do passado estão trancados
Impedindo que os leve para longe

Qual o propósito do Tempo?
Vive a girar em redemoinho ao redor da casa da vida
Tentando levar o ontem e deixar um hoje desabitado
As lembranças do passado estão preservadas
No fundo do quarto escuro da saudade

Qual o propósito do Tempo?
Sussurrando "liberte o passado doente por amor"
Enquanto a casa da vida mantém se fechada
Impedindo a entrada do Tempo implacável
Porque o futuro é fruto verde sem sabor
Elise

segunda-feira, 3 de abril de 2023

1745 - Sonho com e sem fé

 

Sonho...
O imaginário com fé
Faz do sonho uma oração
Onde céu e terra se encontram
Permitindo vida e morte se amarem
Sonho...
O imaginário sem fé
É o local onde o ateu caminha no Depois
Onde vida e morte vivem o mesmo sonho
Permitindo que saudades se unam
Sonho...
O imaginário com ou sem fé
Embalam sonhos em corações vazios
Separados por vida e morte
Que escondem a dor da saudade.
Sonho...

Elise

1745 - Sonho III-IV-MMXXIII

 


Pouco é muito quando preenche o vazio
A espera concretizada em sonho causa serenidade
Mãos dadas com apoio e amor
Iluminam a escuridão da solidão
Ser lembrada
É como chuva no sertão
É bênção antes da oração suplicante

Pouco é muito quando preenche a saudade
A agonia da espera acaba com um simples sonho
O amanhecer com sonhos é mais brilhante
O dia com as lembranças dos sonhos é de paz
Ser lembrada
Com as mãos entrelaçadas confirmam a ligação
É dádiva antes da oração suplicante

Elise

domingo, 2 de abril de 2023

1743 - Pedindo o fim

 

Não basta desejar a morte
O relógio da vida continua correndo
Não basta orar pedindo o fim
Os dias e as noites se alternam
Não basta a dor física da tristeza
O corpo segue cambaleando
Por que?
Porque a punição é o cárcere da vida
Onde o voo livre é negado
Porque o cálice da solidão
Deve ser sorvido até a última gota
Porque o verdadeiro inferno
É estar só assombrado pelas lembranças
Elise

sábado, 1 de abril de 2023

1743 - Dia da mentira

 

Hoje no dia da mentira 01/04
Eu minto que ainda me amas
Eu minto que sente saudades
Eu minto que ainda me espera

Hoje no dia da mentira 01/04
Metade das verdades são dos dois
Eu ainda o amo e sinto saudades
Eu o espero não sei onde

Hoje no dia da mentira 01/04
Nossas mentiras são verdades
Nossos sentimentos vivem em nós dois
E a espera é escoltada pelas lembranças

Hoje no dia da mentira 01/04
Orações falsas pedem pelo esquecimento
O sorriso burla carregando a dor no bolso
E o coração finge não mais esperar

Elise

Bairro Vaz Lobo/RJ



Moro em qualquer lugar
mas meu coração está fincado
na Travessa Cascavel - Vaz Lobo
meus olhos enxergam belezas
E ouço o cantar dos pássaros

Os dias chegam de mansinho
Trazendo ruídos e alegrias da criançada
Lá morou a felicidade e um pedaço do céu
Podem falar mal de Vaz Lobo
Dos tiroteios e brigas de facções

Lá é onde esta minha entrada para o céu
As lembranças agradáveis e juras de amor
O comércio suburbano aconchegante
Vizinhos que socorrem com presteza
E cachorros latindo a noite para os gatos

Vaz Lobo que já teve Bonde e Chafariz
Lotações e linhas famosas como 780 355 e 676
O Cine Vaz Lobo com pardais durante as sessões
O Supermercado Mundial e as Óticas Lobinho
e o pão maravilhoso da padaria do Caetano

Vaz Lobo bairro do subúrbio
Vizinho do Samba de Madureira
Do bairro poético Vicente de Carvalho
Bairro onde viveu minha Montanha de Rosas
E vivem minhas doces lembranças
Elise