sexta-feira, 20 de outubro de 2023

1945 - Outono da vida

 

Os olhos da alma
Vivem o outono da clausura.
Assistindo o ciclo eterno da vida
Renovar-se a cada florada do amor.
Vidas chegam na primavera dos ciclos e
Vidas são ceifadas no longo outono.

Os olhos da alma
Sentem medo do grande sono do inverno.
Os arroubos do verão são curtos
Abrindo espaço para a primavera.
Enquanto os olhos assustados
Aguardam sua sentença final.

Os olhos da alma
Assistem silenciosos muitos partirem.
Não enxergando que há vida fora da clausura
Por não acreditarem no antes ou depois.
A visão turva só consegue velar perdas
Pelo mau hábito de enxergar só o outono da vida.

Os olhos da alma
Assistem o sepulcro desfolhar a vida.
Cobrindo as lembranças com folhas sem vida
Que renascem quando ungidas por lágrimas de fé.
A florada do amor dá vida ao sepulcro
Diante do grande sono libertador da clausura.

De Elise para Montanha de Rosas