Em uma manhã de inverno...
Quando o sol não aquece mais corações e sonhos, uma mulher despertou de uma longa noite estrelada.
Acordou e levou um grande susto... A mulher viu se metade de um todo.
Metade de todo seu mundo.
Metade corpo, mulher, sonhos, esperança, fé e certezas.
Seu tempo não possuía mais cronologia, ela havia perdido o futuro, seu presente era o passado.
O desespero bateu e perdida de tudo saiu numa busca sem fim.
As vezes o desespero era tanto, que chegava a sonhar com sua outra Metade.
Como poderia viver sendo metade de tudo, apenas o coração havia permanecido inteiro em seu corpo amputado.
Ser metade não causava espanto aos que estavam a sua volta. O mundo não a percebia inteira ou metade, porque seus sentimentos eram invisíveis ao entorno.
Seu amor não modificava corações realistas.
Metade caminhou sem cessar.
Foram sete longos anos de uma busca incansável.
Depois de muito caminhar, Metade sentiu se atraída por um lugar. Local que ela conhecia de longas datas.
Havia sido feliz naquele lugar do passado.
Resolveu caminhar até o local. No meio do trajeto encontrou um desafeto, mas seguiu em frente, sua busca era muito mais importante.
Metade conseguiu avistar sua outra Metade.
O coração bateu apressado e a passos largos, correu em direção a sua parte faltante.
Tentou abraçar sua Metade na ânsia de unirem se novamente, mas a indiferença reinou, sua outra Metade não retribui o abraço cheio de saudades.
A realidade vazia e cheia de indiferenças descortinou o ato final da busca.
Um abraço de saudades precisava de braços envolventes e saudosos.
O coração que ainda era inteiro e cheio de amor, estava apenas em uma das partes, a outra Metade vivia bem sem coração e amor.
Metade trocou algumas palavras com sua outra parte. Percebeu o distanciamento entre as partes e finalmente entendeu que a Unidade de um dia, hoje eram partes separadas sem coesão.
Apesar das partes estarem próximas por um instante, duas partes não formavam mais Unidade.
Metade retornou da busca vazia e descrente do que havia em seu coração, já que ele havia permanecido inteiro.
Metade pensou e analisou tudo que havia acabado de viver. Após anos de sonhos e busca por parte de si própria, Metade sem esperança, resolveu cortar parte de seu coração e joga lo fora.
Metade Seguiu seu caminho.
O que Metade não esperava é que o coração se regeneraria com o passar do tempo e voltaria a pulsar inteiro dentro da metade que havia sobrado.
Finalmente Metade desvencilhou se da trilha do passado e reencontrou a estrada do futuro.