quinta-feira, 28 de agosto de 2025

2622. - Disfarces do final



A pior dor 

É a travestida de sorrisos. 

O choro seco

É areia arranhando a alma.

A oração sem fé 

Acoberta medos do coração.

Braços vazios estendidos

São abraços sem vida.

Pés sem rumos

Caminham em vielas desoladas.

Pedidos de perdão 

Mascaram erros da mocidade.

Assim seca a vida

Na senilidade desacompanhada.

Sorrisos amarelados

E roupas com aroma de velhice.

Rosto enrugado

E alma rasgada.

Orações decoradas

Suplicando por milagres.

Braços vazios

De aconchegos e amores.

Pés parados

E mente a viajar.

Pecados transformados

Em pedidos de perdão.

A vida morre por dentro

Restando morrer a carcaça.

A sobra de um caminhar

É aguardar a derradeira partida.


Elise Schiffer