A pior dor
É a travestida de sorrisos.
O choro seco
É areia arranhando a alma.
A oração sem fé
Acoberta medos do coração.
Braços vazios estendidos
São abraços sem vida.
Pés sem rumos
Caminham em vielas desoladas.
Pedidos de perdão
Mascaram erros da mocidade.
Assim seca a vida
Na senilidade desacompanhada.
Sorrisos amarelados
E roupas com aroma de velhice.
Rosto enrugado
E alma rasgada.
Orações decoradas
Suplicando por milagres.
Braços vazios
De aconchegos e amores.
Pés parados
E mente a viajar.
Pecados transformados
Em pedidos de perdão.
A vida morre por dentro
Restando morrer a carcaça.
A sobra de um caminhar
É aguardar a derradeira partida.
Elise Schiffer