Uma mulher comum, com uma vida medíocre cumpre seus afazeres diários com amor.
A mulher comum entende que a rotina é uma bênção para os sabem apreciar.
Todos os dias desperta e pensa.
Caminha até sua varanda e observa sua grande amiga Árvore, vivendo no terreno ao lado. Sua amiga é frondosa e as duas se olham diariamente numa cumplicidade de carinho.
A mulher comum logo depois coloca água em suas plantas e as beijam. A troca mútua é um conforto ao seu coração deserto.
Cuida em seguida do seu filho de quatro patas, da sua colopsita que não sabe voar e do peixe solitário.
Assim começa mais um dia da mulher comum.
Sem ter com quem falar ou sair, seu melhor momento é ser a caçadora de cabides.
Diariamente ao arrumar as roupas do seu filhos, ela busca por cabides vazios para penduras as roupas.
Suas pequenas mãos vão passando pelas roupas a procura de cabides. Enquanto busca pelos cabides a mulher comum acaricia as roupas para que seu carinho possa tocar em seus filhos tão apressados.
Cabide encontrado é hora de pendurar a roupa e colocar no armário.
Antes de colocar a roupa no armário a mulher comum fechar seus olhos e vive o que cada roupa viveu.
- Você trabalhou muito. Cumpriu horário, ouviu conversas, sorriu e ate ficou cansada. Certo?
- ...
- Descanse bem perfumada até sua próxima vez, porque sair é muito bom. Eu não saio é verdade, porque ele pode aparecer.
Assim a mulher comum segue com tudo.
- Olá dona sunga. Aproveitou a praia? Claro que sim, o dia estava lindo. O céu era um convite a felicidade. Agora descanse na gaveta até o próximo mergulho.
Falar com objetos foi a forma que a mulher comum encontrou para conversar.
Os cabides...
Esses sim eram a chave para os sonhos.
Muito mais que pendurar roupas. a mulher simples pendurava lembranças do tempo que era Mulher.
Pendurar as roupas do seu filho era estar na soleira da felicidade.
Quantas idas ao cinemas, shows, passeios e viagens penduradas num cabide.
De Elise para Rosemberg-filho.
26/10/23