O Elefante acorrentado não conseguia voar.
A corrente que o prendia possuía elos fortes e pesados. Os seus sonhos eram pequenos e fracos para liberta-lo. Seu coração estava enterrado na savana familiar.
O Elefante acorrentado tentava alegrar a todos. Seus malabarismos apesar de serem cheios de amor, nunca conseguiam atenção ou aplausos.
O seu sonho era voar alto sem olhar para trás e talvez quem sabe, fazer parte e um bando de aves migratórias.
Mentira!
O tempo passou...
O Elefante acorrentado envelheceu...
A idade trouxe sabedoria e diante do final solitário, acabou descobrindo que a corrente sempre esteve solta. O seu caminhar havia sido curto e em círculos, sem nunca buscar um horizonte para si.
Na verdade a pequenez de sua trajetória acabou enroscando falsos elos de uma corrente em sua própria pata.
O Elefante acorrentado entendeu que nunca esteve preso ou tentou ser livre de verdade, que o sonho de voar era apenas para chamar atenção do seu bando, que nunca aplaudiam seus malabarismos.
O Elefante acorrentado seguiu seus dias tentando alegrar a todos que amava, não esperando mais por atenção ou aplausos, ao final de cada dia, soltava se da corrente apenas esperando o derradeiro voo libertador.
Elise Schiffer