Se há vida após a morte,
Somos abandonados.
Se a vida acaba com a morte,
Ficamos abandonados.
Não há opção, solidão é a condenação.
Vida que fica démodé no armário,
Ocupando espaço das tendências.
Vida em capítulos num livro empoeirado
Num canto qualquer da estante familiar.
Vida a ser eliminada liberando a marcha.
Se há vida após a morte,
Seremos libertos.
Se a vida acaba com a morte,
Ficaremos libertos.
Não há opção, findar a carcaça é a convicção.
Caminhar cambaleando,
Na estrada sem luz e olhar sem rumo.
Coragem fraca sem ponto final.
Lágrimas salobras pela solidão,
São a sentença ao acordar todos os dias.
Se há vida após a morte,
Se a vida acaba com a morte,
A dúvida debocha do homem.
Ironizando o amor e obsidiando a esperança.
Se há...
Se há...
370
De Elise para Rosemberg.