Usar a própria voz
para rasgar o silêncio
na estação da loucura
Usar palavras em cartas
que nunca serão entregues
ao destinatário que está na contra mão
Bordar flores sem perfumes
em toalhas vazias de refeições
pois a fome morreu sem companhia
Apreciar com o olhar embasado
os cômodos mobiliados com a solidão
vivendo o abandono da morte e dos sonhos
Clamar por libertação
rompendo com as algemas sentimentais
que ligam elos da carne
Usar a própria voz
em orações sem fé
no templo ateu da alma
Escrever palavras na pele
para não esquecer do amor
arrebatado para a contra mão da vida
Bordar flores para a Montanha de Rosas
que habita sob a estiagem dos rios flutuantes
pois as lágrimas salgaram o coração
Esfregar os olhos cansados
flertar com o passado
ignorando a morte e aguardando os sonhos
Orar enquanto borda flores de amor
com seus olhos cansados
para sua Montanha de Rosas
De Elise para Rosemberg