quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

957 - Bordar em silêncio

 

Usar a própria voz
para rasgar o silêncio
na estação da loucura
Usar palavras em cartas
que nunca serão entregues 
ao destinatário que está na contra mão
Bordar flores sem perfumes
em toalhas vazias de refeições 
pois a fome morreu sem companhia
Apreciar com o olhar embasado
os cômodos mobiliados com a solidão
vivendo o abandono da morte e dos sonhos 
Clamar por libertação
rompendo com as algemas sentimentais que ligam elos da carne Usar a própria voz em orações sem fé no templo ateu da alma Escrever palavras na pele para não esquecer do amor arrebatado para a contra mão da vida Bordar flores para a Montanha de Rosas que habita sob a estiagem dos rios flutuantes pois as lágrimas salgaram o coração Esfregar os olhos cansados flertar com o passado ignorando a morte e aguardando os sonhos Orar enquanto borda flores de amor com seus olhos cansados para sua Montanha de Rosas De Elise para Rosemberg